quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Vídeo de universidade gaúcha retrata a África do século 14

Por Ionice Lorenzoni Uma Viagem pela África do Século 14. É assim que se chama o videodocumentário que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) está produzindo para o Ministério da Educação. A obra fará parte do acervo didático-pedagógico sobre a temática étnico-racial, história e cultura afro-brasileira que o ministério está construindo para uso de professores e estudantes da educação básica pública. Com cerca de 25 minutos de duração, o videodocumentário fala sobre a viagem que o marroquino Ibn Battuta empreendeu entre 1352 e 1353 ao Sudão ocidental. Para o coordenador do projeto do vídeo, José Rivair Macedo, professor de História da UFRGS, a viagem de Ibn Battuta “abre uma perspectiva inovadora para pensar, reconhecer e reconstruir a história dos povos africanos a partir de um ponto de vista interno”. O relato do viajante, que constitui a base do documentário, mostra a variação geográfica, econômica, social e cultural do continente africano e particularidades dos povos com quem Ibn Battuta manteve em contato. “É um texto riquíssimo em informações geográficas e descrições de costumes dos povos visitados, de aventuras e episódios curiosos”, diz o coordenador. A esse material, segundo descreve o professor José Rivair, serão acrescentadas explicações de especialistas em história da África, além de pesquisa musical, imagens, fotografias e mapas. Temas como a travessia do deserto feita pela caravana de comerciantes que Ibn Battuta integrou, a audiência pública que teve com o governante do império do Mali, aspectos das habitações e vestimentas descritos pelo marroquino serão recriados especialmente para o documentário. Na explicação do coordenador do projeto, o vídeo-documentário vai articular narrativa textual, imagens, sons e entrevistas. Livro e caderno – Acompanharão o vídeo um livro de pesquisa para os professores e um caderno para os alunos. Os materiais serão ilustrados com mapas das principais rotas percorridas pelo viajante marroquino, explicação de vocabulários, informações de pesquisadores e historiadores entrevistados para a realização do vídeo, notícias do mundo no tempo de Ibn Battuta, sugestões de pesquisas, discussão do relato objeto do vídeo. O material trará também uma mini-biografia do viajante e a informação de que, na língua árabe, a partícula Ibn não indica nome próprio, mas uma ascendência. Ibn significa, portanto, Filho de Battuta. A UFRGS também oferecerá uma página eletrônica na internet com material de pesquisa disponível para cópia. Testes – Na agenda do coordenador do projeto, o vídeo, o livro e o caderno devem ficar prontos no final de novembro deste ano. Antes de ser entregue ao MEC, o pré-roteiro do documentário será apresentado a professores da educação básica para avaliação. A intenção do professor José Rivair é que os professores colaborem na construção do roteiro final. Ibn Battuta – Ibn Battuta nasceu em 25 de fevereiro de 1304 em Tanger, no Marrocos. Em 1325, a pretexto de realizar uma peregrinação a Meca, principal centro religioso do Islã, iniciou uma série de viagens aos territórios islâmicos. Entre 1325 e 1353 visitou os povos de todos os continentes conhecidos. Na Europa foi a Al Andaluz (hoje sul da Espanha); no império Bizantino visitou Constantinopla; no Oriente Médio visitou Meca e Damasco (na Síria); esteve na Pérsia, na Índia e China, e também foi ao Egito. Pedidos dos municípios – Em 2008, o MEC selecionou 27 universidades públicas, federais e estaduais, para organizar cursos de formação de professores (aperfeiçoamento, especialização ou extensão) e produção de materiais didático-pedagógicos na temática étnico-racial. Os materiais didáticos e a qualificação de professores foram solicitados por 72% dos municípios nos planos de ações articuladas (PAR), em 2007 e 2008. Para executar essa tarefa, as 27 universidades receberam R$ 3,6 milhões do programa de Ações Afirmativas para a População Negra nas Instituições Públicas de Educação Superior (Uniafro). Cada projeto recebeu entre R$ 100 mil e R$ 150 mil. Das 27 instituições, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) foi selecionada para criar materiais didáticos e a UFRGS para produzir um vídeo-documentário. A abordagem dos conteúdos segue o que determina a Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que inclui a história da África e das relações étnico-raciais no currículo da educação básica. O Plano de Ações Articuladas (PAR) é um diagnóstico e planejamento das ações educacionais realizado por estados e municípios para um período de cinco anos, de 2007 a 2011. Fonte: Ministério da Educação Postado por: Else Marie Vergara

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